Importante é preservar a memória dos lugares. OLHÃO é a minha Cidade.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Hospital da Nossa Senhora da Conceição



No final do século XIX e início do século XX, a classe piscatória de Olhão dispunha de alguma assistência social e médica através do seu Compromisso Marítimo, sendo o seu objetivo principal a construção de um hospital.
José Mendes, um antigo Juiz do Compromisso Marítimo, foi o mentor da ideia de se construir em Olhão um hospital destinado, não apenas aos pescadores e mareantes, mas igualmente a todos os doentes pobres da vila. Aquando do seu falecimento, este benemérito deixou em testamento ao Compromisso Marítimo, a terça parte dos seus bens, avaliada em 1.600$000. 
 
Coube a Manuel Machado, também juiz do Compromisso, dar seguimento  ao projeto, contribuindo para isso, do seu próprio bolso , com um donativo de 1.000$000. 
 
 

Assim, o Compromisso Marítimo adquiriu um terreno mesmo no limite da Freguesia, a Nordeste do Poço Velho, e os primeiros materiais de construção.
A 25 de Maio de 1884 procedeu-se à bênção e lançamento da primeira pedra, colocando-se desde logo o novo hospital sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal. 
 
Em Novembro de 1885 estava terminado o edifício, com um custo de 6.379$500.
Sem verba para o seu apetrechamento, o hospital só foi aberto ao público depois de conseguido o respectivo montante através de subscrição pública.
 

 

 
 
 
                                                                                       

 
 
 Funcionou como Hospital Concelhio até à década de 90 do século XX.




No presente, o edifício é a casa da Biblioteca Municipal Mariano Gago. 









Poder Local - os Presidentes da Câmara

 





Nas eleições autárquicas de 2021, António Miguel Pina ganhou o lugar à presidência da Câmara.


Olhão e o 5 de Outubro

 Em 5 Outubro de 1910  a Vila de Olhão estava mergulhada numa onde de greves dos marítimos e dos ferroviários, que pela sua intensidade levou a que as autoridades governamentais tivessem cortado todas as ligações postais, telegráficas, ferroviárias e viárias. No entanto, no dia seguinte a notícia de que a revolução republicana triunfara espalhou-se pela vila e muitas foram as manifestações de regozijo pela implantação da República. No dia 7, fez-se a proclamação oficial nos Paços do Concelho «por entre estrondosos vivas da multidão que enchia o Largo do Município».


 



Desenhos de José Garcês


 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O Trabalho nas Fábricas

 

 


Indústria Conserveira - As Primeiras Fábricas

 

 


 

Profissões - Século XX

 

 


 

Alcunhas - Parte III

 Última parte desta trilogia das Alcunhas Olhanenses. O arranjo rimático é da minha autoria.


 

Alcunhas - Parte II

 Mais um conjunto de alcunhas olhanenses, num arranjo meu.


 

Alcunhas - Parte I

 Em Olhão, a alcunha é quase uma instituição de pesada idade. Quase todos têm uma ou pertencem a uma família que tem. 

Nesta primeira parte, juntei as alcunhas mais conhecidas no início do século XX e saiu assim:

Não levem a mal, Senhores
Lembrar Alcunhas de Olhão.
E p’los meus se desenrola
Xico de Búzio, Cebola,
Como manda a tradição.
 
Água morna, Amor sem dentes,
Faz às escuras, Faquita,
Rato cego, Cólina, Chora,
Litepite, Meia hora,
Chora meninos, Caguita.
 
Erva doce , Faz que entendas,
Parte Pedras, Amador,
Ferra, Fitas, Forte, Forra,
Seis meses e Pau de porra
Rabisca agulhas, Major.
 
Pé de leque, Pai do céu,
Pato marreco, Galinho,
Patagalha, Fadagulha,
Charrana,Cluca, Fagulha,
Penalty, Alegre, Peidinho.
 
Caga sangue, Calatrava,
Caga-aparas, Caga arroz,
Toca a música, Pescocinho,
Pé de chumbo, Marrachinho,
Papagaio e Papa arroz. 
 
Balancé, Barbas à roda
Galhofa,Gancho, Cação
Baraço, Bruto, Bexiga,
Charuto, Bolota, Biga,
Corta-a-picha, Calhapão.
 
Mata cães, Mata pardais,
Cólina, Figuinho torrado,
Cagaia, Papa xarém,
Meia dólar, Vinte e um vintém,
Quinze tostões e Rasgado.
 
Papa a mija, Vai à burra,
Xarém com leite, Cagão,
Rei dos chinos, Mijaneira,
Mãe quer galo, Batateira,
Sopa gorda, Espadagão.
 
Laborda, Manco, Tágafo,
Bocage, Cabouco, Milho,
Sete narizes, Chópinha,
Charamuga e Galinha,
Arranca pinheiros, Mamilho.
 
Cara linda, Cara feia,
Parte certa, Gaita preta,
Bem feito, Bucha, Baló,
Olhinhos de fogo, Eiró,
Espada nua e Cagueta. 
 
(autora da rima: Esperança Bebiana Afonso)

 

terça-feira, 7 de setembro de 2021

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

A Espera

 

A Espera


A 𝗲𝘀𝗰𝘂𝗹𝘁𝘂𝗿𝗮 "𝗔 𝗘𝗦𝗣𝗘𝗥𝗔" foi colocada  em 1986 no 𝗝𝗮𝗿𝗱𝗶𝗺 𝗣𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗼𝗿 𝗢𝗹𝗵𝗮𝗻𝗲𝗻𝘀𝗲.

Escultura simples, mas de grande simbolismo, foi oferta do artista Olhanense 𝗝𝗼𝘀𝗲́ 𝗩𝗶𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗖𝗮𝗯𝗿𝗶𝘁𝗮, e 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗿𝗱𝗮 𝗮𝗼𝘀 𝗢𝗹𝗵𝗮𝗻𝗲𝗻𝘀𝗲𝘀 do presente 𝗲 𝗮𝗼𝘀 𝘃𝗶𝗻𝗱𝗼𝘂𝗿𝗼𝘀, 𝗮 𝘃𝗶𝗱𝗮 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮𝗱𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗣𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗲 𝗱𝗮𝘀 𝗠𝘂𝗹𝗵𝗲𝗿𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝘁𝗿𝗮𝗯𝗮𝗹𝗵𝗮𝘃𝗮𝗺 𝗻𝗮𝘀 𝗳𝗮́𝗯𝗿𝗶𝗰𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝗰𝗼𝗻𝘀𝗲𝗿𝘃𝗮𝘀.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Da Praia de Olham à Freguesia de Olhão

 

1290 -Construção da Torre de Marim, para defesa dos habitantes das terras fronteiras da Barra Grande, contra os piratas moiros. 
 
1378 -Data do mais antigo documento conhecido em que aparece a designação de Logo do Olham, atribuído a um povoado da Paróquia ou Freguesia de Santa Maria de Faro.
 
1600 -Data dos mais antigos documentos conhecidos em que aparecem as designações de Praia do Olhão, Sítio do Olhão, Sítio do Poço do Olhão, Cabanas do Olhão e Logar do Olhão dadas ao Logo do Olham.
 
1610 - Data dos mais antigos documentos conhecidos com referências à existência de uma Capela de N. Sr.ª do Rosário na Praia do Olhão.
 
1614 - Data do mais antigo documento conhecido com referências à inscrição de pescadores da Praia do Olhão no Compromisso Marítimo de Faro.
 
1673 - Criação de uma Companhia de Ordenanças na Praia do Olhão.
 
1679 - Assentamento da Fortaleza de S. Lourenço. 
 
1695 - Criação da Freguesia de Olhão, que fica constituída apenas pelas cabanas da praia e pela Capela de N. Sr.8 do Rosário, esta que passa a ser a Igreja Paroquial. 
 
1698 — Bênção e colocação da primeira pedra de uma nova Igreja Paroquial.
 
1715 — Autorizada pela Rainha a construção da primeira habitação de alvenaria no Logar do Olhão. Abertura ao culto da nova Igreja Paroquial, voltando a antiga a ser uma simples Capela, agora da invocação de N. Sr.ª da Soledade.
 
1747 — Construção da Fortaleza da Harmona.
 
1750 — Data do documento mais antigo que se conhece sobre a existência, no Logar do Olhão, de um Juiz de Vintena, nomeado pela Câmara Municipal de Faro, com o seu «escrivão do geral e testamentos».
 
1752 — Transformação em Feira Franca da Feira Anual de S. Miguel (28 a 30 de Setembro), que já então existia, não se sabe desde quando.
 
1755 — O terramoto de 1 de Novembro, sentido em todo o País, causa grandes estragos nas Igrejas e habitações do Lugar, na Fortaleza de S. Lourenço e na Torre de Marim.
 
1758 — Data da mais antiga referência que se conhece ao recrutamento anual de 400 pescadores olhanenses para remadores das galeotas reais. Data do mais antigo documento que se conhece sobre a existência, no Logar do Olhão, de «dois escrivães e um tesoureiro ou administrador das fazendas do almoxarifado da Portagem do Pescado, com mais dois guardas».
 
1765 — Criação do Compromisso Marítimo de Olhão.
 
1771 — Inauguração do edifício próprio do Compromisso Marítimo de Olhão.
 
1802 — Data da mais antiga referência que se conhece à existência de uma escola de primeiras letras no Logar do Olhão.
 
 
                                                                                    Texto: Antero Nobre
                                                                                  Desenho: José Garcês
 
 

A Igreja Matriz

 


(...)a nova Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, segundo a legenda gravada na cantaria sobre a porta principal, «(...) foi fundada reinando Pedro II / Simão Bispo consagrou a Deus / a primeira pedra a 4 de Junho de 1698» e «À custa dos homens do mar deste povo se fez este templo novo, no tempo em que só haviam umas palhotas em que viviam». (...) Entrou em pleno funcionamento em 1715, ano em que para esta se fez solenemente a transladação do Santíssimo Sacramento. ANTERO NOBRE

 

Desenho: José Garcês

A Igreja Pequena (III)

 

A sua construção remonta à primeira metade de Seiscentos (...).Todavia, a transferência da sede religiosa não significou uma menor atenção por parte da comunidade de Olhão em relação ao seu primeiro templo. Se, em 1734, há a notícia de que uma parede se encontrava muito arruinada, não deixa de ser verdade que, meio século depois, houve recursos económicos suficientes para a feitura de um novo retábulo-mor. Este, foi contratado pelo Compromisso Marítimo, a 18 de Maio de 1779, com o entalhador farense Manuel Francisco Xavier, "o mais prestigiado entalhador algarvio no período rococó" e, certamente, um dos mais caros artistas da época (na altura já em fim de carreira), facto que comprova o relativo desafogo económico da confraria dos marítimos de Olhão. (Património Cultural).
 
Tem também de se ter em conta que a contextura actual da ermida da Soledade, não é a primitiva. O templo deveria ter sofrido grandes estragos com o terramoto de 1795 e daí, na sua reparação, o não ter sido conservada a primitiva arqui¬tectura profundamente modificada com a realização das obras feitas ao sabor do tempo. (Abílio Gouveia)
 
 
                                                                                      Desenho: José Garcês
 
   
 

Os Antigos Habitantes

 


(...) a população olhanense nunca foi exclusivamente de gente do mar; Olhão jamais foi uma terra apenas de pescadores e marítimos, pois nela existiu sempre, mesmo nos tempos mais antigos (...) uma numerosa classe de pessoas que viviam do amanho e dos rendimentos dos campos vizinhos. Os próprios homens do mar olhanenses foram nos primeiros tempos, em grande parte, se não na totalidade, simultaneamente homens do campo; pequenos agricultores, iam à pesca ou à apanha da murraça no intervalo do amanho das suas courelas ribeirinhas (...). 

 

Texto: Antero Nobre

Desenho: José Garcês

O Topónimo OLHÃO

 


 "Nos tempos da dominação árabe, teria existido no local ou na região (...) uma fonte ou nascente, na qual se abasteceriam de água os habitantes da área e suas redondezas. Ao local ou lugar, teriam os árabes dado o nome de «al-Háin», que, na sua língua, significa precisamente «a fonte» (…)Após a expulsão dos árabes, o nome por que seria conhecida a região -al-Háin- teria entrado na nossa língua (então no inicio da sua formação), e nela se teria fixado sob a forma «Alhan» ou «Alham». (...) o povo, levado e «auxiliado» pela semelhança fonética e sónica (e talvez também ortográfica), e pela conexão de significado e de sentido existentes entre a palavra de origem árabe «Alhan» ou «Alham» e a então já portuguesíssima «Olham» (aumentativo de «olho» (de água), de formação nítida e retintamente portuguesa) teria transformado o «a» em «o» dando assim origem ao topónimo «Olhão».  

 Texto: António Henrique Cabrita

Desenho: José Garcês