Importante é preservar a memória dos lugares. OLHÃO é a minha Cidade.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O Cemitério de Olhão

O CEMITÉRIO MUNICIPAL DE OLHÃO





O Cemitério de Olhão (velho), num postal com carimbo de 1922.

 Apontamentos sobre o Cemitério de Olhão:


…E como complemento desta nota, diga-se desde já que o aspecto actual da Igreja Pequena é bastante diferente do primitivo, pois a sua fábrica sofreu grandes danos por ocasião do terramoto de 1 de Novembro de 1755 e na reconstrução foi modificada, pelo menos, a sua traça exterior; e mais tarde, para regu­larização da rua que lhe fica contígua e ainda hoje se chama Rua do Compromisso, foram suprimidos: um pequeno cemitério que ficava junto da Capela e devia ser resto do primitivo adro onde foram, sepultados, como era uso nesse tempo, os primeiros mortos olhanenses; e um tam­bém pequeno anexo da Capela, onde se expunha, em nicho envidraçado, a imagem de Nosso Senhor Jesus dos Passos, muito venerada pelos marítimos olhanenses desde tempos imemoriais….[…]

Antigamente os enterramentos eram feitos no solo da nave da Igreja Paroquial (o das pessoas mais importantes da terra) e no adro anterior da mesma Igreja. Passado determinado número de anos e para dar lugar a outros enterramentos, as ossadas eram retiradas dali e guar­dadas no ossuário da Igreja (todas as Igrejas Paroquiais tinham o seu ossuário), a que o povo chamava carneiro, e que ficava na parte posterior da Matriz olhanense, exactamente onde hoje se encontra a capelinha de Nosso Senhor dos Aflitos. O ossuário era assinalado exteriormente por uma espécie de nicho envidraçado (aquele que ainda hoje lá está, no interior da capelinha) dentro do qual se encontrava (e encontra) um grande crucifixo, que a Confraria das Almas, a cargo de quem estava a conservação das sepulturas e do ossuário, mandava alumiar todas as noites; e o povo olhanense, que teve sempre em grande conta o culto dos mortos, como já em outro capitulo dissemos, ia ali rezar quando passava perto e sobretudo à noite. A devoção popular chegou a ser, mesmo, tão grande que, quando se construíram as casas para a Fábrica da Igreja, a que já nos referimos em outra nota, deixou-se o nicho num oratório, com porta gradeada para a rua. Proibidos depois os enterramentos na Igreja, nas condições e circunstâncias que referimos no capítulo anterior, a Confraria das Almas foi encarregada de indicar locais para a constru­ção de um cemitério, o que fez, acabando o Município por preferir o Alto do Pau Bolado. O ossuário deixou então de servir, mas o povo continuou a sua devoção no oratório onde estava o nicho que o assinalava; e de tal modo que o nicho foi transformado numa pequena capela, esta que sofreu várias outras transformações ao longo dos anos, sendo o seu aspecto actual resultado de obras efectuadas praticamente já nos nossos dias (1948).

O Alto do Pau Bolado ou Alto do Barro Vermelho era, em 1826, o cume da maior elevação de terreno sobranceira à vila, uma colina cujas encostas Nascente, Sul e Poente começavam, respectiva e praticamente, onde hoje se situam: a confluência das modernas Rua 18 de Junho e Ave­nida da República, a confluência desta com a Rua Diogo de Mendonça Côrte-Real e os actuais troços médios e Norte da Rua Almirante Cândido dos Reis. Os sucessivos nivelamentos do terreno impostos pela urbaniza­ção quasi fizeram desaparecer essa colina, mas, há sessenta anos ainda se apresentava muito nítida na topografia da vila e era então popular­mente designada por Serrinho do Cemitério.

Logo em 1852, a Câmara Municipal, dispondo agora já de mais rendimentos pela posse da maior parte do Termo da vila, que entretanto se verifi­cara, começa a construir um cemitério (que seria inaugurado em 1 de Novembro do ano seguinte) no Alto do Pau Bolado ou Barro Vermelho e, para facilitar o respectivo acesso, constrói uma estrada sobre o caminho que era a única saída da localidade por terreno seco; e não tarda muito que essa estrada comece a orlar-se de edificações, dando origem ao troço médio da actual Rua 18 de Junho e alargando assim a vila, em poucos anos, praticamente até àquele Alto. 

Antero Nobre, in História Breve da Vila de Olhão da Restauração

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Indústria Conserveira - O Grémio

Isto é tudo o que resta do Grémio da Indústria Conserveira, na Rua Humberto Delgado, antiga Rua Salazar.




Nos anos 20,  neste sítio esteve instalado o primeiro campo de futebol:


Esse recinto, o primeiro campo de futebol que existiu em Olhão, só viria, no entanto, a ser construído em 1921, na então chamada Cerca de D. Maria Ventura (onde se encontra o actual Bairro da Estação dos Caminhos de Ferro), tendo sido inaugurado no dia 12 de Dezembro daquele ano, com um jogo entre o Sporting Clube Olhanense e o Sporting Clube Farense; era um pequeno campo com as dimensões legais mínimas e quasi sem lugar para os espectadores, apertado entre a linha férrea e um pequeno ribeiro ou vala que corria (precisamente onde é hoje a Rua Cândido Ventura) ao longo das trazeiras das casas do lado ocidental da Avenida da República, esta onde se situava a entrada (exactamente onde hoje começa a Rua General Hum­berto Delgado).
Antero Nobre, História Breve da Vila de Olhão da Restauração



O Estádio Padinha 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Avenida Dr. Bernardino da Silva






A Avenida Dr. Bernardino da Silva nasceu em 1926 com o alargamento da antiga estrada de Quelfes, desde a linha férrea até à estrada real nº 78 (atual En125). 

Ao fundo da Avenida D. Luiz (atual Avenida da República), a estrada velha de Quelfes

A nova artéria tinha “um passeio central, ensaibrado e limitado por lancis, e duas ruas laterais, tudo com o mesmo aspeto da Avenida da República, de que se pretendia então que fosse o seguimento” (Antero Nobre).

Início da Avenida, a norte da linha férrea

Refletindo a pujança económica que Olhão atravessava, a nova Avenida foi-se enchendo de prédios e de moradias com fachadas elaboradas e jardins.

 
À direita, o chalé Garrocho


Rotunda do Hospital

Nas décadas finais do século XX , a degradação tomou conta de muitas das imponentes casas que, ao desaparecerem, deram lugar a prédios de vários andares. 


No início da década de 80
 
Em 1988, a avenida sofreu obras de remodelação no passeio central e lancis.
 

Aspeto atual
 
Já no século XXI, foi-lhe acrescentada uma rotunda no topo Norte, ornamentada com um cubo, símbolo da arquitetura urbana olhanense.

Rotunda do Cubo





Avenida da República

Nesta pequena composição gráfica temos uma sequência da evolução da Avenida da República, primeiramente chamada de Passeio Público e depois de D. Luís, a começar com a foto do segmento  final da sua construção junto do Poço das Bombas, em 1862.





terça-feira, 14 de outubro de 2014

Toponímia



Acontecimentos históricos, políticos e sociais, e o consequente surgimento de figuras públicas estão, quase sempre, na origem da toponímia das cidades. Por isso, quando existem alterações desses contextos alteram-se também os nomes das ruas, avenidas e praças.
Então aqui apresento os topónimos antigos de algumas das artérias da nossa cidade.
A informação foi fornecida por António Martins.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A Feira de Olhão


 A Feira de S. Miguel
 

Embora Olhão já fosse Freguesia desde 1695, a 1ª demarcação só ocorreu em 8 de Junho de 1722, com os seguintes limites : Moinho de Levante, Poço das Bombas, monte de Bartolomeu Martins, e Moinho do Poente.
 
Em 1753 foi concedido o alvará para a realização da Feira Franca nos dias 28, 29 e 30 do mês de Setembro.
 
Na "Corografia ou Memória Economica, Estadistica e Topografica do Reino do Algarve", de 1841, na página 345, João Baptista da Silva Lopes diz que Olhão tem " Feira franca de 3 dias a 30 de Abril e outra a 29 de Setembro".
Até 1872, a Feira realizou-se no Campo da Feira, que ia desde a Igreja Matriz até ao Poço Novo. Nessa data iniciou-se a construção da 1ª fase do Passeio Publico e a Feira foi transferida para as Prainhas depois de terem sido aterrados os charcos que aí existiam. Este espaço haveria de ser designado de Largo da Feira.
 
O Correio Olhanense, de 28 de Setembro de 1924, noticiava na primeira página a abertura da Feira de São Miguel, instalada no Largo das Prainhas.